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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

VAMOS PASSEAR NA LUA ?


Mudanças de comportamento e viagens espaciais tornaram a moda da década de 60 um exercício de estilo futurista


O exigente Yves Saint Laurent, que não era de se espantar com nada, exclamou em 1966: " tudo mudou desde que Courrèges fez a sua explosão ". Ele se referia a um dos autores da revolução na moda dos sixties, quando uma enxurrada de experimentalismos tomava conta de ateliês, passarelas, revistas e lojas. O planeta sonhava com o espaço sideral. Avanços. Rupturas. Protestos. A juventude ganhou poder, cores, ritmos e jeitos de se expressar. Proibido proibir.
O Zeitgeist do período interferia diretamente na moda. Questionamentos. Radicalismos. Movimentos sociais. Passeatas. Foguetes pilotados na órbita da Terra. Sexo. Estéticas. O cinema de Godard. A guerra do Vietnã. Cannabis. Carnaby Street. Pedradas no gosto da classe média. Gargalhadas. Sustos. Gatilhos. Stones. Bowie. Wow. Cada um vive como quiser. Ácido lisérgico. E cadê minha peruca pink?
O engenheiro e estilista André Courrèges, que trabalhara como principal colaborador de Balenciaga, antecipou a mulher de um futuro ideal, utópico. A mulher que todos pensavam que existiria por volta do ano 2000, uma data cheia de simbolismos. Em 2000, sonhavam eles, a humanidade se vestiria como um astronauta andrógino, com botas brancas, trajes em tecidos
sintéticos, capacetes de vidro e acessorios de metal.
Chegou a fazer a coleção Space Age, em que (re) definia as garotas como cidadãs lunares de uma " Esparta Moderna" : Práticas, sem sutiãs, de pantalonas, túnicas com palas de plástico, transparências, bijuterias geométricas, óculos imensos e perucas fluorescentes. Courrèges unia design, arquitetura e sci-fi.
Por coincidência, o filho da principal costureira espanhola de Balenciaga, também em 1966, causaria outro terremoto moda. Seu nome, Paco Rabanne. Seu ateliê, no quinto andar de um prédio sem elevadores. Nesse obscuro endereço ele lançou alguns vestidos, vestes, roupas de piscina e gigantescos colares fosforescentes com discos de plásticos Rhodoid. Bradava a todos: " tudo na moda ja foi feito ! A última possibilidade de mudança está no uso de novos materiais!".
Meses depois, na Iris Clert, uma galeria de vanguarda de Paris, ele exibiu 12 criações que geraram imenso impacto. Exibidas em manequins com telas abstratas ao fundo, as roupas eram de couro, alumínio, penas de avestruz e placas de Rhodoid. Em 1967, Paco Rabbane abriu uma loja na Rue Bergère ( iluminada apenas pela mobília fluorescente) e lançaria os seu maior hit: os vestidos com triângulos de alumínio interligados por anéis de aço. " Não me chamem de estilista. Sou artesão ", repetia na imprensa.
A mesma imprensa noticiava a reação do venerado Balenciaga ao estilo de Courrèges e Rabanne: " O mestre declara que todos ficaram loucos ". A Velhusca Madame Grés também quase teve um troço com os novos estilistas : " moda de rua é vulgar. Pessoas que olham vitrines são um desatre para a alta costura". No meio dessa tempestade de plumas, o jovem estilista Pierre Cardin é suspenso da Chambre Syndicale de La Couture por antecipar aos jornais as fotografias de sua coleção. Sua reação, pura bomba:" Quem prefere vestir milhões de mulheres pelo mundo afora em vez de criar roupas para senhoras desanimadas, precisa que sua coleção prêt-à-porter seja bastante comentada na imprenssa".
O estilo Cardin, também "lunar" e espacial, em poucos meses conquistaria Londres, Nova York e Roma, tornando populares seus vestidos justos, coloridos feitos em malhas sintéticas brilhantes. As garotas adotaram brincos enormes, sombras brancas, delineadores, meias tipo legging e sapatos de verniz colorido. Cardin derrotara a velha guarda.

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